sábado, 11 de dezembro de 2010

Vírus é perigosa e inédita combinação

O vírus da gripe suína, que circula pelo mundo causando medo, é uma perigosa e inédita combinação. E diferente, que só começamos a conhecer em 15 dias. Essa não é a primeira epidemia de gripe que a humanidade enfrenta. O maior medo é que, mais uma vez, milhares de pessoas não resistam à doença.

O vírus da gripe só foi identificado em 1930, doze anos depois de a gripe espanhola matar mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, foram 350 mil. Entre as vítimas, o presidente da República Rodrigues Alves.

Ao longo do século, outras pandemias: em 1957, a gripe asiática fez cerca de dois milhões de vítimas fatais. Era a mutação de um vírus comum em patos silvestres que se combinou com o vírus da gripe humana.

Em 1968, uma gripe parecida começou em Hong Kong. Mesmo com planos de contingência da Organização Mundial de Saúde,1 milhão de pessoas morreram. Em 1976, o primeiro surto registrado de gripe suína provocou pânico nos Estados Unidos. Soldados de uma base de Nova Jersey foram infectados - um morreu. Até hoje não se sabe como a doença começou e depois desapareceu.

Mais recentemente, uma ameaça de pandemia alertou o mundo: a gripe das aves. O primeiro relato de infecção ocorreu em Hong Kong em 1997, quando o vírus causou doença respiratória em 18 pessoas, das quais seis morreram. Seis anos depois, o vírus ressurgiu com casos também na África e Europa. Das 400 pessoas atingidas, 257 não resistiram.

Segundo informações da Organização Mundial de Saúde, o surto atual de gripe suína combina proteínas de diferentes origens. A infectologista Nancy Bellei faz parte de uma rede de observação internacional da gripe e relata o que já se sabe sobre este vírus.

“As poucas amostras que foram avaliadas mostraram que a maior parte das proteínas que têm esses vírus são de origem suína. O restante, em torno de 20%, são proteínas que já se viu em vírus humanos e aviários em populações anteriores”, observa a infectologista do Grupo de Observação da Gripe Nancy Bellei.

Isso significa que o vírus é mais complexo do que aqueles que os cientistas já estudaram até hoje.

O vírus influenza é composto por duas proteínas de superfície. Se houver alguma mutação nas proteínas, um novo topo de vírus terá sido formado. O material genético do vírus da gripe se divide em oito pedaços - que formam as proteínas da superfície. Em contato com outros vírus há uma troca de partes e o material se recombina criando novos subtipos. Foi o que aconteceu nos porcos, no México.

O diretor-presidente do Instituto Butatan, Isaias Raw, que está desenvolvendo vacinas contra a gripe aviária no Brasil, diz que o risco está na forma de propagação: “Quando passa de homem para homem é que ela pode se manter no homem, independentemente do porco, não precisa ir para a fazenda para pegar a gripe”, afirma o diretor-presidente do Instituto Butantan Isaias Raw

Um fator que preocupa os pesquisadores é a alta fatalidade em jovens. “Sempre assusta quando são jovens. Quando são mais resistentes do que nos velhos, velho qualquer coisa e morre. Jovens são mais preocupantes”, alerta Raw.

De acordo com as primeiras informações, crianças e idosos estariam sendo menos atingidos. Duas faixas etárias que são vacinadas contra a gripe comum todo ano pelo governo mexicano.

“Não sabemos se há proteção, ainda que parcial. Há muitas especulações. Será que teve papel protetor de vacinas anteriores, que são contemplados para crianças e idosos no México, não sabemos. Mas é uma situação diferente do que se observa em pandemias mas é uma situação grave”, diz Nancy Bellei.

A vacina para este tipo especifico de gripe suína não existe e ainda pode demorar no mínimo seis meses para ser desenvolvida. Mas se a gripe é detectada logo no início existem medicamentos que ajudam a conter a multiplicação do vírus dentro do organismo.

“Existe tratamento. O governo brasileiro possui esse medicamento em estoque estratégico, que é um estoque para o enfrentamento da epidemia. Esse remédio só funciona no início dos sintomas. É preciso reconhecer logo existem exames laboratoriais que podem ser feitos rapidamente e tratamento é benéfico e é o único que dispomos no momento”, aponta o infectologista Andre Vilela Lomar.

Especialista esclarece dúvidas sobre gripe suína


Bom Dia - O que todos se perguntam é: quem está trabalhando ou em casa, corre algum risco?

Celso Granato – Só correm algum risco, as pessoas que tiverem contato direto com uma pessoa proveniente de uma região de risco, onde foram identificados casos.

Quer dizer que quem não foi ao México não precisa se preocupar e ir correndo às farmácias para comprar remédios?

De forma nenhuma.

Por que os jovens estão sofrendo mais com esse tipo de vírus? Como ele mata?

Uma característica interessante desse vírus é que nos remete a outras epidemias de gripe no passado, que mataram mais jovens. Aparentemente, o que acontece é uma super reação do organismo. No indivíduo que é mais velho ou em uma criança muito pequena, acontece uma reação fraca, na medida certa, bem controlada pelo organismo. Os jovens têm uma reação exagerada. E essa reação exagerada pode provocar, entre outras coisas, uma inundação do pulmão por uma série de líquidos. Isso encharca o pulmão.

Quer dizer que o trabalho de combate ao vírus acaba prejudicando os órgãos do próprio corpo?

Exatamente. É uma coisa esquisita e difícil de entender, mas é assim que acontece.

Nós estamos diante de um vírus desconhecido ou diante de um vírus que pode se chamar de gripe mexicana?

Ele é um vírus novo, que veio da mistura de uma série de vírus de aves, de seres humanos e de porcos. Cada vez que isso acontece, nós não temos uma experiência prévia com esse vírus. Então, representa um desafio novo para a nossa imunidade. Portanto, é um risco.

As pessoas que moram em áreas rurais perto de rebanhos de porcos ficam preocupadas quando ouvem falar em gripe suína. Há motivo para essa preocupação ou não?

Nós não temos ainda informações precisas se os primeiros casos foram observados em pessoas cuidadoras de porcos, pessoas que têm fazendas onde se criam porcos. Provavelmente, isso aconteceu, mas esse dado a gente ainda não tem. Em princípio, isso pode acontecer. Se esse vírus é recombinado e misturado no porco, que é um animal que faz isso na natureza normalmente, essas pessoas estariam sobre um ricos maior de entrar em com contato esse vírus pela primeira vez.

Comer a carne de porco traz algum risco?

De forma nenhuma. O vírus é um ser muito simples. O próprio cozimento da carne, a fritura e o calor já destroem o vírus.

O importante mesmo é não entrar em contato com o vírus. Essas máscaras funcionam? Para quem tem que viajar para o México ou para algum lugar de contaminação, usar a máscara funciona?

Protege bastante. Não é de uma forma absoluta, mas protege bastante.

Qual é o número de pessoas que pegam a gripe e acabam morrendo?

Os dados que nós temos agora mostram que essa porcentagem é de 6%. É possível que esse número seja menor, porque quando nós começamos uma epidemia a tendência é a gente ver os casos mais graves. Então, pode ser que nós estejamos super estimando o número de mortes. Por enquanto, é de 6%.

Fonte: G1

Marivaldo Lima

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